Há um ano atrás nascia o CENDERS, um centro de pesquisa clínica que foi idealizado durante a pandemia do novo coronavírus para atender as diversas demandas que surgiam e, assim, poder colaborar com a descoberta de novos tratamentos e vacinas – responsáveis por salvar milhares de vidas.
De lá para cá, colecionamos novas conquistas, criamos novas parcerias e projetos, além de iniciarmos novos estudos clínicos em outras áreas terapêuticas que, atualmente, já estão em fase de recrutamento!
Foi um ano de muito aprendizado, crescimento e melhorias que refletem em nossos resultados, e desejamos expandir ainda mais esse potencial para que a pesquisa clínica tenha o seu devido espaço e reconhecimento no estado de Espírito Santo, ampliando o acesso a tratamentos inovadores e totalmente gratuitos para a população da região.
Para marcar esse primeiro aniversário, realizamos uma entrevista com a Renata Vicente, diretora de assuntos clínicos e contratos do CENDERS. Confira a entrevista completa com a profissional e saiba mais sobre os próximos passos do centro!
Como foi a trajetória do CENDERS, do início até hoje?
Quando surgiu a ideia de criar o CENDERS, ainda estávamos no período de pandemia e víamos que havia a necessidade de atender os vários estudos clínicos sobre Covid-19 que surgiam no momento. Portanto, no início, todos os nossos estudos eram área de COVID-19.
Com a redução do número de infectados e dos agravamentos pela doença, além da aprovação de novas vacinas e tratamentos promissores, procuramos novos estudos para outras áreas terapêuticas. Atualmente, além dos estudos de COVID-19, já estamos com estudos encaminhados para a área de cardiologia, terapia intensiva, oftalmologia, vacina e oncologia.
Quais foram os principais desafios que vocês tiveram até o momento?
Tivemos dois principais desafios até agora: como em primeiro momento, investimos mais em pesquisas para ajudar a solucionar a pandemia, com a redução no número de casos, esses estudos se mantém em menor quantidade, então estamos buscando conquistar estudos para outras áreas terapêuticas. Como essas áreas envolvem vários outros profissionais e serviços, na procura de novos parceiros. Criamos o princípio de cooperação em pesquisa com clínicas, hospitais e outros centros de pesquisa, explicando para essas instituições que poderíamos ser mais um braço de negócios e que eles poderiam também fornecer assistência através da pesquisa clínica.
No Espírito Santo, as pessoas ainda não entendem tão bem o processo de colaboração que a pesquisa clínica pode trazer. Não somos uma concorrência. Conseguimos fazer um trabalho a mais, podendo levar outros estudos para instituições que já trabalham com pesquisa clínica, que talvez não buscariam ou não teriam a oportunidade de conseguir. Portanto hoje, nosso foco principal junto aos parceiros em potencial, tem sido apresentar com transparência como é nossa metodologia de parceria.
Vocês estão com quantos estudos ativos no momento?
Hoje, os estudos que estamos conduzindo são voltados para a área de COVID-19 e oftalmologia, uma área nova para gente. Estamos em fase de recrutamento de voluntários para o estudo sobre Degeneração Macular Relacionada à Idade do tipo úmida, uma doença que atinge principalmente a população mais idosa. Além disso, vamos inicializar mais estudos clínicos de COVID-19, cardiologia, terapia intensiva e vacina em Oncologia, o qual conta com processos bem burocráticos e minuciosos.
Quais são os novos projetos do CENDERS para a área acadêmica?
Estamos elaborando um curso de pós-graduação em pesquisa clínica para começar já no próximo ano. Esta irá ser a primeira pós-graduação em pesquisa clínica do estado de Espírito Santo! A gente também está formulando alguns cursos de curta duração na área, que iremos disponibilizá-los em nosso próprio site. Como muitos estudantes têm dificuldades em começar a elaborar projetos de pesquisa na área acadêmica, também estamos oferecendo serviços de mentoria científica.
Como você tem visto a inserção de profissionais na área da pesquisa clínica atualmente?
Devido a necessidade vinda pela pandemia do novo coronavírus, eu percebi que houve um “boom” de crescimento de estudos clínicos no Brasil e em todo o mundo. E ele se mantêm até hoje, já que muitos projetos clínicos para outras áreas terapêuticas foram freados nesses últimos anos. Muitos profissionais que a gente conheceu nas CRO’s, agora estão trabalhando para indústrias ou até mesmo em hospitais, e vice-versa. Então, o que eu percebo é um “turnover” alto, com pessoas saindo de uma organização e encontrando sempre uma nova e melhor oportunidade de trabalho.
Você vê que os pacientes estão tendo um maior conhecimento sobre a pesquisa clínica ou ainda não o suficiente?
Eu acredito que como, nos últimos anos, ouvimos falar constantemente sobre a procura por novos tratamentos e vacinas para Covid-19 em diversos lugares – redes sociais, televisão e jornais, parte do público que era leigo do assunto, está bem mais informado e consciente quanto a importância da pesquisa clínica para a sociedade. Estamos nos surpreendendo bastante pela alta procura e motivação da população idosa para participar de nossos estudos. Hoje, nós temos um estudo aberto para inscrições que busca pessoas maiores de 50 anos para participar, mas o que tem surgido frequentemente são pessoas com idade superior a 70 anos.
Quais são os próximos passos do CENDERS?
Estamos em busca de realizar estudos clínicos para outras áreas terapêuticas, ainda não exploradas pelo CENDERS. Em 2023, nós esperamos crescer o número de estudos conduzidos, aumentar a nossa equipe de trabalho, investir ainda mais na área acadêmica, além de expandir a nossa estrutura física. Hoje, estamos capitalizando para, futuramente, podermos ter um centro de pesquisa independente, com uma sede própria, que contará tanto com um ambiente administrativo, quanto assistencial. Com isso, poderemos atender os pacientes, realizar a dispensação e infusão de medicamentos e todas as outras etapas assistenciais necessárias.
Agradecemos a confiança de todos parceiros em nosso trabalho e a todos os membros da equipe do CENDERS que possibilitaram um trabalho de excelência e renovação para a pesquisa clínica!